A inadimplência do consumidor recuou 3,9% em fevereiro na comparação com janeiro, já descontados os efeitos sazonais, segundo dados nacionais apurados pela Boa Vista. Em relação a fevereiro do ano passado, o indicador subiu 0,4%. Com isto, ele acumula queda de 1,4% no acumulado de 12 meses (março de 2019 até fevereiro de 2020 frente aos 12 meses anteriores).
Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, todas as regiões ainda registram queda: Centro-Oeste (-2,6%), Norte (-0,6%), Nordeste (-1,6%), Sul (-3,6%) e Sudeste (-0,7%). Na comparação mensal, as regiões também apresentaram queda, com destaque para a região Sul que recuou 4,2%.
A queda da inadimplência observada a partir do final de 2016 pode ser explicada pela maior cautela das famílias, pela capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda e pelo efeito defasado da maior seletividade dos bancos no período mais agudo da crise.
Com isto, a inadimplência dos consumidores atingiu um patamar historicamente baixo, o que proporcionou a redução dos juros e motivou o aumento das concessões a partir de 2017, o que, por sua vez, vêm resultando em um crescimento significativo do endividamento e do comprometimento nos últimos meses.
Os economistas da Boa Vista têm alertado que o elevado nível de desocupação e subutilização da mão-de-obra, somado à lenta recuperação da renda, aumenta a possibilidade de que esta expansão recente dos empréstimos resulte em maior inadimplência nos próximos meses.
De fato, apesar do resultado mensal de fevereiro, nota-se que a análise acumulada em 12 meses parece ter seguido nesta direção ao apontar desaceleração no seu ritmo de queda. Além disso, outros dados de mercado mostram que a inadimplência tende a crescer mais entre os consumidores de menor renda, exatamente os mais afetados pela lenta recuperação do mercado de trabalho.
Por ora, passado o período mais intenso da crise e a melhora da expectativa referente ao ambiente econômico, o indicador demonstra sinais de que caminha para a estabilização após quatro anos consecutivos de queda nos registros.
Assim, a equipe econômica da Boa Vista volta a ressaltar que uma retomada mais vigorosa e generalizada do crédito aos consumidores, sem aumento dos riscos, segue condicionada, a curto prazo, à evolução do mercado de trabalho e do endividamento das famílias.
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